Mundo chega a 1.000.000 de mortos pelo coronavírus

Marca, equivalente a 13 Maracanãs lotados, é alcançada em menos de nove meses

| FOLHA DE SãO PAULO


Bíblia sobre túmulo no cemitério São Luiz, onde foram sepultadas muitas vítimas da Covid-19 em São Paulo - Lalo de Almeida - 3.ago.20/Folhapress

Um milhão de mortos por coronavírus. A cifra, simbólica, é alcançada quase nove meses após o primeiro óbito oficial devido à doença, em 11 de janeiro, e quase sete após a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar que a Covid-19 era uma pandemia, em 11 de março.

Nesse período, além de mais de 1 milhão de mortos, a crise sanitária se desdobrou em crise econômica, que agravou desigualdades já muito acentuadas em todo o mundo, e provocou terremotos políticos em um cenário polarizado, em que a ciência foi colocada em dúvida por chefes de Estado e nas redes sociais.

O número —1 milhão, de acordo com os dados compilados pela Universidade Johns Hopkins— equivale a 13 Maracanãs lotados ou a toda a população de Maceió. E tudo indica que será apenas mais um marco emblemático a ser superado: não o único milhão, mas o primeiro.

 
Estima-se que o número verdadeiro de mortes seja maior, uma vez que há o problema da subnotificação. De acordo com Alan Lopez, diretor de um grupo de pesquisa da Universidade de Melbourne, na Austrália, que estuda o impacto de doenças, a quantidade real de óbitos está em torno de 1,8 milhão.

Ele calcula que até o final do ano a doença mate 2,8 milhões de pessoas, o que a tornaria a quinta maior causa global de mortes em 2020. Na sexta-feira (25), o diretor executivo do programa de emergências de saúde da OMS, Mike Ryan, admitiu ser possível que a cifra oficial dobre.


Ainda que a curva da Covid-19 tenha se estabilizado em muitos países, o número de novos casos segue crescendo mais rapidamente do que nunca, com média pouco abaixo de 300 mil por dia, e dificilmente uma vacina estará disponível em todo o mundo dentro dos próximos nove meses.


 
Como chegamos até aqui? O histórico da pandemia sugere uma combinação de condições biológicas, negligência política e demora para agir.
Cogitava-se havia alguns anos que a próxima pandemia viria da China. O epidemiologista Rob Wallace apontou, em um livro de 2016, que o sul do país tinha as condições ideais para a disseminação de novos vírus: desmatamento acelerado, rápida incorporação de um sistema de produção de carnes baseado no confinamento de animais, alta densidade populacional, gripe que circulava o ano todo.

Hoje, há certeza de que o vírus foi originado em animais. A hipótese principal é a de que ele ficou hospedado em morcegos e posteriormente em pangolins —mamíferos que lembram o tamanduá e que teriam servido de intermediários para a transmissão aos seres humanos. Há suspeitas de que eles eram vendidos ilegalmente em Wuhan, local de origem dos contágios.



Comentários

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE