Cidade da fronteira conhecida pelo turismo de comércio tem 70% das lojas falidas e 5 mil desempregados

Segundo a Câmara Lojista de Pedro Juan, 30% das pessoas que perderam emprego são brasileiras.

| POR NADYENKA CASTRO E MARTIM ANDRADA, G1 MS E TV MORENA


Monumento de boas vindas ao lado da barreira com arame farpado, tambores e placas de pinus — Foto: Martim Andrada/TV Morena

Com impostos sobre produtos menores que os do Brasil e, mesmo com leis de restrição a quantidade de mercadorias, moradores de todo o país faziam compras na cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero, vizinha a Ponta Porã. Fosse para revender, fosse para consumo próprio.

Antes da pandemia de covid-19, o resultado de tantas vendas era um comércio forte que gerava empregos e renda para brasileiros e paraguaios. Agora, a realidade é outra: lojas fechadas, desemprego e só entra em território paraguaio pessoas autorizadas.

Pelas regras paraguaias, algumas lojas já podem abrir, mas o comércio dependia muito de turistas, que não podem entrar no país. E hoje, segundo a Câmara Lojista de Pedro Juan Caballero, o que antes era um 'paraíso para compras' virou um campo de incertezas para empresários e funcionários. Na cidade, 70% das lojas estão falidas e há cerca de 5 mil desempregados, sendo 30% deles brasileiros.

"Em relação ao comércio, aqui em Pedro Juan Caballero, 70% está fechado e esses 30% que está trabalhando tem somente 25% de sua capacidade funcionando, então por isso que há muito desemprego", resume Victor Hugo Barreto, presidente da Câmara Lojista.

Victor cita ainda que a situação causa problemas também no agronegócio, que acaba afetando toda a cadeia da economia. "Muitos brasileiros que tem a sua empresa deste lado [no Paraguai] e que não voltarão a abrir, estão investindo do outro lado [no Brasil]. Tem muitos problemas na parte do agronegócios e indústria pecuária que não conseguem passar de um lugar para o outro, e isso influencia negativamente a economia local".

Para amenizar a situação, a Câmara tem conversado com o governo na tentativa de flexibilizar as regras. "Acredito que já temos que falar em flexibilização, de abrir a fronteira em uma próxima fase, inteligente, da quarentena aqui no Paraguai, então seria esta a situação, estamos trabalhando com o governo para desenhar um plano de erradicação na zona da fronteira, mas é muito lento, está muito complicado".

Linha internacional fechada no lado paraguaio — Foto: Martim Andrada/TV Morena

Fronteira fechada
Em meados de março, quando começaram os primeiros casos de infecção pelo novo coronavírus nos dois países, o Paraguai fechou a fronteira. O Exército faz fiscalização na linha internacional e colocou arame farpado. Valas foram abertas, barricadas com pneus, tambores e madeiras foram feitas. Tudo para impedir o vai e vem que até então era feito livremente.

No começo, brasileiros iam até a linha internacional para comprar alimentos de comércios paraguaios e recebiam pela cerca. Mas agora, isso também foi proibido. Em Pedro Juan, só estão funcionando serviços essenciais. Situação que foi alvo de protesto de comerciantes durante a semana.

Na madrugada desta sexta-feira (17), uma barricada de pneus foi incendiada e a polícia investiga os responsáveis pelo atentado.
O Paraguai está nesta sexta-feira com 3.342 casos de covid-19, sendo que 1.371 pessoas já se recuperaram e 27 morreram.
Em Mato Grosso do Sul, estado que fica na linha de fronteira com o Paraguai, de acordo com dados divulgados pela Secretaria de Estado de Saúde nesta sexta-feira (17), são 15.805 casos positivos de covid-19, sendo 10.239 recuperadas, 5.018 em isolamento domiciliar, 345 internados e 203 mortes.

No Brasil, o consórcio de veículos de imprensa divulgou novo levantamento da situação da pandemia de coronavírus a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde, consolidados às 20h desta quinta-feira (16). O país havia registrado até então 76.822 óbitos e 2.014.738 infectados.



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