Em plena pandemia, dinheiro para combater vírus é usado para pagar salários

Pelo menos R$ 3,5 milhões teriam sido usados até mesmo para custear salário da secretária de Saúde de Dourados

| CAMPO GRANDE NEWS


Cruzes instaladas em frente à prefeitura, na sexta-feira (Foto: Adilson Domingos)

Epicentro da covid-19 em Mato Grosso do Sul com 22 mortes e quase 2.500 casos positivos, Dourados, a 233 km de Campo Grande, enfrenta risco de colapso na saúde pública por causa da pandemia da covid-19. Mesmo diante da situação, dinheiro destinado ao combate ao vírus foi usado para pagar salário de servidores.

Pelo menos R$ 3,5 milhões teriam sido usados pela prefeitura para pagar efetivos, contratos temporários e até mesmo para cobrir o salário da secretária municipal de Saúde Berenice de Oliveira Machado Souza.

A denúncia foi feita pela Frente Parlamentar de Acompanhamento dos Recursos Recebidos e Destinados ao Enfrentamento e Combate à Covid-19 com base em informações incluídas no portal da transparência da prefeitura.

“A recomendação do Ministério da Saúde prevê que os recursos até possam ser aplicados para custear novas contratações para o enfrentamento de covid-19, mas no caso da Prefeitura de Dourados, o Executivo incluiu toda a folha de pagamento de servidores nos custos a serem pagos com a verba específica de combate ao coronavírus, até mesmo o salário da secretária de Saúde', afirmou a presidente da Frente, vereadora Daniela Hall (PSD). Segundo ela, da forma como foram pagos esses valores, a prefeitura cometeu desvio de finalidade.

Para a vereadora oposicionista, a folha de salários, sempre paga com recursos próprios, deve ser assumida pelo município com ou sem a pandemia. “Esse dinheiro vem para incrementar a estrutura da saúde, tendo em vista que a demanda aumentou. Seria o caso da contratação de novos profissionais, novos leitos clínicos e de UTI, medicamentos, equipamentos de proteção individual, enfim, uma série de medidas para o enfrentamento da doença que não tinha antes', afirmou a vereadora.

A Frente Parlamentar cobrou explicações da prefeitura e pretende levar o caso a instâncias superiores. “Vamos fiscalizar cada centavo. Já recebemos informação de que a prefeitura já teria reconhecido o erro no portal da transparência, mas queremos saber o que de fato foi feito para devolução do dinheiro', afirmou. A prefeitura ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso.



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