Moradores de área rural fecham BR-262 em protesto após ficarem ‘ilhados’
Mais cedo, chuva forte deixou vias intransitáveis e diversos eículos atolaram, incluindo uma viatura policial e um carro que ‘fundiu’ seu motor devido ao excesso de água
| MIDIAMAX/OSVALDO SATO
Moradores da área rural de Campo Grande, especificamente da região próxima ao Balneário Atlântico, interditaram a BR-262 na tarde de quarta-feira (5) em protesto contra as condições precárias das estradas locais, que se tornaram intransitáveis após fortes chuvas.
A manifestação começou por volta das 18h30, na saída para Três Lagoas, próximo ao autódromo da cidade, e ainda não tem previsão para encerramento. A PRF (Polícia Rodoviária Federal) encontra-se no local.
Conforme os moradores, as vias de acesso à região enfrentam sérios problemas de manutenção. A situação se agrava com as chuvas, que tornam as estradas alagadas e cheias de crateras, impossibilitando o trânsito e deixando os moradores isolados.
“Se está chovendo, vira um rio com correnteza forte; quando acaba a chuva, há poças de água profunda e crateras nas estradas, o que nos impede de ir e vir”, afirmou Alessandra Galhardo, moradora da região.
A falta de infraestrutura também é uma preocupação constante. Além do alagamento, moradores relatam que a falta de iluminação pública e segurança na área prejudica ainda mais a vida cotidiana. “Pagamos IPTU, mas as benfeitorias não chegam até nós”, disseram os manifestantes, que pedem melhorias urgentes nas condições da estrada e outros serviços essenciais.
Nem viatura passa
Na manhã de quarta-feira, diversos moradores estavam ilhados, sendo que apenas veículos 4×4 conseguiam atravessar as áreas mais afetadas. “Hoje, os trabalhadores não conseguiram sair para o trabalho. Se alguém passar mal, não há como uma ambulância chegar para socorrer”, relatou Alessandra, evidenciando o isolamento e a vulnerabilidade dos residentes da área.
Em relatos posteriores, moradores de outras áreas também afirmaram que, após tentativas de melhorias nas estradas, a situação piorou. “Quando tentaram arrumar, acabou dificultando ainda mais o acesso. O carro fica atolado, e a água entra no motor”, lamentou Valdecir Marques, de 49 anos, morador da região há dois anos.
Moradores fecham a rodovia
Diante dos problemas, os moradores fecharam a rodovia BR-262 em ambos os sentidos, no início da noite desta quarta-feira (5). O protesto ainda não ter hora para ser encerrado.
Uma das manifestantes registrou seu descontentamento e preocupações. “Nosso maior problema é a estrada, nosso ir e vir, porque nós temos morador que trabalha na cidade, temos crianças que vão para a escola, temos pessoas idosas, temos crianças com problemas de saúde. Aqui não vem nem o entregador de farmácia, porque ele não consegue passar com a moto. A nossa via está interditada já faz mais ou menos uns quatro dias, desde essa época de chuva. Então o pessoal com o trator vai lá, arruma um pouquinho aqui, e a gente passa pelo da PRF e vem para cá, mas agora está realmente trancada”, afirmou sem se identificar.
Leila Moraes, de 53 anos, empresária, relatou o histórico de problemas. “Tenho chácara aqui há 22 anos e, conforme a população foi aumentando, a região se transformou em um bairro e o trânsito ficou muito intenso, o que prejudicou as estradas. Nossa estrada é uma calamidade, cheia de buracos. Normalmente, damos seta para entrar e as carretas vêm com tudo. Cada dia está pior, e ninguém está se preocupando. O que estamos fazendo hoje é um pedido de socorro, pois estamos ficando ilhados. O ônibus não vai conseguir levar as crianças para a escola. Só queremos cascalho e manutenção nas estradas. Isso custa caro, e precisamos tirar o dinheiro do bolso dos moradores para resolver o problema”, disse.
Para a cabeleireira Luciana Freitas Carvalho, de 52 anos, a principal necessidade é a manutenção das estradas. “O que mais precisamos aqui é que arrumem as estradas, somos esquecidos. Quando começa a chuva, temos medo de não conseguir sair. Hoje mesmo, precisei desmarcar todos os meus clientes. Só consegui passar e remarcar para amanhã. Todos pagamos impostos, mas não temos condições de ir e vir. Essas famílias moram aqui e trabalham na cidade, temos pessoas idosas e crianças”, disse.
O que diz a Prefeitura
A Prefeitura de Campo Grande foi consultada sobre a situação e os pedidos de intervenção na área. Em nota enviada nesta manhã, a Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) pontuou que realizou uma intervenção na Rua Sereia há duas semanas, após o surgimento de uma cratera na via.
“No momento, a Secretaria aguarda a melhora das condições climáticas para realizar a limpeza da bacia construída no local, que tem a função de reter a água da chuva e evitar que o tráfego seja prejudicado. A Sisep segue monitorando a situação”, conclui a nota.