Tecnologia substitui testes em camundongos no diagnóstico da raiva pela Iagro
Antes, o método envolvia a inoculação intracerebral do material suspeito em camundongos e a observação de sintomas da raiva
| MIDIAMAX/KARINA CAMPOS
A Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal) divulgou nesta terça-feira (9) um avanço na metodologia do diagnóstico de raiva: a partir de agora, os testes em camundongos são substituídos pela técnica de RT-qPCR (Reação em Cadeia da Polimerase em Tempo Real).
O diagnóstico da raiva do Laddan (Laboratório de Diagnóstico de Doenças Animais e Análise de Alimentos) mantém o IFD (Imunofluorescência Direta), mas substitui a prova biológica que envolvia a inoculação intracerebral do material suspeito em camundongos e a observação de sintomas da doença.
Segundo a agência, apesar de eficaz, o processo de teste era demorado, dependia de uma estrutura laboratorial complexa, além de envolver a utilização de animais, o que implicava na observância de todos os dispositivos legais do Concea (Conselho Nacional de Controle e Experimentação Animal).
“Com a adoção da técnica de RT-qPCR, a Iagro está revolucionando o diagnóstico da raiva, já que é um dos primeiros laboratórios de defesa a substituir totalmente a utilização de camundongos. Assim, mais de 8 mil camundongos por ano deixarão de ser usados para o diagnóstico da raiva”, aponta o comunicado.
Em 2023, 75 casos positivos em mamíferos foram registrados no Estado. A raiva é uma doença viral fatal que afeta mamíferos, incluindo humanos, e é transmitida principalmente pela mordida de animais infectados, como cães, gatos e morcegos. O diagnóstico precoce é crucial para prevenir a propagação da doença e garantir a eficácia do tratamento.
Técnica RT-qPCR
O RT-qPCR permite a detecção rápida e precisa do vírus da raiva no material suspeito, pois funciona amplificando e detectando o material genético do vírus da raiva presente na amostra, oferecendo resultados em questão de horas, em comparação com as semanas necessárias para a prova biológica.
Ainda segundo a Iagro, a técnica possui uma sensibilidade e especificidade muito elevadas, minimizando o risco de resultados falsos negativos ou positivos. Essa mudança na metodologia de diagnóstico não apenas acelera a identificação da raiva, mas também melhora a precisão dos resultados, permitindo uma resposta mais eficaz das autoridades de saúde e veterinárias.
O trabalho é realizado pelas médicas veterinárias Aline de Oliveira Figueiredo e Tamires Ornellas Fuzaro Scaléa e, conforme elas, a implantação da técnica de RT-qPCR foi desafiadora, já que essa tecnologia ainda não era utilizada na rotina do Laddan, sendo necessário desde a compra de equipamentos até o aprendizado e validação dos métodos.
As servidoras realizaram treinamento no CDME (Centro de Diagnóstico Marcos Enrietti), da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), que foi o laboratório da Rede Nacional de Agricultura pioneiro a utilizar o qPCR (PCR em Tempo Real) para diagnóstico da raiva em herbívoros como rotina, e que utilizava o protocolo de diagnóstico aceito e reconhecido pelo CDC (Center for Disease Control), dos EUA (Atlanta).
“A decisão da Iagro de adotar a RT-qPCR como padrão para o diagnóstico da raiva demonstra um compromisso com a inovação e a excelência na saúde animal e na segurança alimentar. Espera-se que essa medida tenha um impacto positivo significativo na prevenção e controle da raiva, contribuindo para a saúde e o bem-estar de humanos e animais em todo o Estado”.