Sanfona salvou Ilza da depressão, deu novo rumo e virou projeto

| JéSSICA FERNANDES / CAMPO GRANDE NEWS


Ilza durante gravação de programa televisivo. (Foto: Arquivo pessoal)

No momento mais crítico da depressão, Ilza Feitosa Nogueira, 70 anos, encontrou na música um motivo para continuar e uma oportunidade de ajudar outras pessoas. Há oito anos, ela criou a Instituição Cultural Origem e Raiz que é voltada ao público da melhor idade.  'Eu estava em uma depressão severa, quando sai da internação, resolvi dar um basta e a ideia surgiu', conta.

Criada por uma família de músicos, ela aprendeu a tocar sanfona aos três anos e, desde aquela época, tem um carinho especial pelo instrumento. Por isso, quando pensou em desenvolver o projeto, a sanfona não poderia ficar de fora. Como o pai dela era violeiro, o segundo instrumento também foi incluído.

Com destaque para a cultura regional e ao sertanejo raiz, o projeto oferece aulas de violão e sanfona para os moradores do Bairro Estrela do Sul. Para Ilza, a iniciativa não se trata somente de ensinar as pessoas, mas voltar a inseri-las na sociedade. “O nosso objetivo é propiciar a sociabilidade, prevenção e redução ao isolamento social da pessoa de idade', afirma.

Além de prevenir o isolamento, o projeto visa fazer um resgate da música sul-mato-grossense. “Por ser da melhor idade, resolvi agregar sanfona e violão, na tentativa de dar ênfase e divulgar nossa cultura sertaneja, raiz e regional. Eu foquei nesse público para poder resgatar a nossa história, fazer uma defesa da nossa identidade e cultura', enfatiza.

Através do apoio de amigos e parceiros, ela conseguiu dar continuidade ao projeto, expandir as aulas para escolas públicas e fazer com que ele alcançasse novos espaços. Porém, há quatro anos, Ilza luta para que a história da Instituição Cultural Origem e Raiz não tenha um ponto final.

A ausência de um espaço para o exercício das atividades é o maior problema que a instituição enfrenta. Ao Lado B, a criadora do projeto, relatou que procurou diversos locais, mas não teve êxito. “Quando a pandemia iniciou a gente já tinha parado o projeto e as apresentações musicais, porque não tínhamos mais espaço. Já revirei Campo Grande com as minhas forças e a minha ideia, mas não adiantou. Queria conseguir mobilizar a sociedade ou um órgão público para conceder um espaço para gente', diz.

Enquanto tenta manter viva a iniciativa, Ilza relembra os bons resultados que foram colhidos. “Nós tiramos as pessoas do isolamento, muitos pararam de tomar remédios, porque fizemos esse trabalho de acolhimento. Fazíamos os encontros de violeiros para dar visibilidade para as aulas', fala.

No final da entrevista, a sanfoneira fez questão de ressaltar a relevância que a música tem e fez um desabafo. “A música é um elo, ela é necessária, é o ar que a gente respira. Hoje, estou próxima a ficar de novo com depressão, porque voltei a ficar ociosa', conclui.



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