1 mil demitidos em 7 anos: terceirização e dispensas contribuem para caos na energia de MS, denuncia sindicato

Sinergia-MS diz que a substituição de trabalhadores experientes por mais novos atrapalha em situações de crise

| MIDIAMAX


Desde que assumiu concessão no Estado, Energisa fez demissões e aumentou terceirização, diz sindicato - (Foto: Divulgação)

O caos gerado pela falta de energia em vários bairros de Campo Grande e cidades do interior do Estado desde sexta-feira (15), quando tempestade de poeira atingiu a Capital, poderia ter ocorrido em menor escala e impactado menos a vida dos sul-mato-grossenses. Isso porque, segundo o Sinergia-MS (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria e Comércio de Energia de Mato Grosso do Sul), o número de demissões de eletricistas experientes, cerca de 1 mil em 7 anos — período em que Energisa assumiu a distribuição de energia elétrica no Estado — está afetando a qualidade do serviço prestado, principalmente no momento de alta demanda de manutenção, como o atual.

Vale lembrar que, desde sexta-feira (15), as equipes da Energisa estão nas ruas em várias cidades de MS para tentar restabelecer o serviço após a tempestade que acometeu o Estado. A concessionária divulgou, nos primeiros dias após o temporal, que deslocou equipes de outros estados para auxiliar nos trabalhos em Mato Grosso do Sul.

Conforme o presidente do Sinergia-MS, Elvio Vargas, outro fator que influencia na queda da qualidade dos serviços da concessionária é a terceirização em excesso. Conforme o sindicato, atualmente são cerca de 1,4 mil funcionários contratados pela empresa e pouco mais de mil terceirizados.

Na última terça-feira (19), inclusive, um eletricista morreu após receber uma descarga elétrica quando fazia reparos na região de Ivinhema, a 291 quilômetros de Campo Grande.

“José Carlos era funcionário da empresa terceirizada Compel, prestadora de serviço da companhia. A Energisa ressalta que preza pela segurança de todos os seus empregados e igualmente dos prestadores de serviço. A empresa já está em contato com a empresa Compel para identificar as causas do acidente', disse a concessionária em nota oficial.

“Geralmente o salário do terceirizado é menor e ele tem menos garantias trabalhistas, o que afeta a produtividade', alega Elvio.

Porém, para o sindicato, o maior problema é a substituição de funcionários mais experientes por novos nos últimos anos. “Foram cerca de mil trabalhadores demitidos desde 2014, quando a Energisa assumiu. Claro que houve substituição, mas quem entra demora mais para se adequar e em momentos de crise como esse, experiência faz toda a diferença', explica.

Seis dias após a tempestade que atingiu o Estado, principalmente Campo Grande, falta de luz ainda persiste em vários pontos. No momento, a área mais afetada é a zona rural da Capital. Animais sofrem até com dificuldades para se alimentar, devido à falta de abastecimento de água e preparação  de rações. Na área urbana, reclamações pontuais só começaram a diminuir nesta quarta-feira (20), cinco dias após o temporal.

Em boletim divulgado nesta manhã, a concessionária afirmou que 100% da área urbana estão com a luz restabelecida. 'Os municípios de Sidrolândia, Terenos, Nova Andradina, Ponta Porã e assentamentos rurais estão entre os mais críticos, devido à dificuldade de acesso e quantidade de defeitos identificados pelas equipes. A Energisa esclarece que nestas localidades, até o momento, já foram encontrados mais de 400 postes caídos, 87 transformadores queimados pelas descargas atmosféricas, que ultrapassaram 250 mil', diz a empresa.

O Jornal Midiamax entrou em contato com a concessionária de energia de Mato Grosso do Sul. A Energisa diz que as informações passadas pelo sindicato não procedem. 'Ao contrário da afirmação feita, a concessionária possui atualmente uma estrutura de operação muito superior à anterior, investindo mais de R$ 2 bilhões em Mato Grosso do Sul, desde o início das operações. Desde que assumiu a concessão do estado, em 2014, a Energisa iniciou um trabalho de recuperação e estruturação do sistema elétrico com padrões rígidos de qualidade para a melhoria da prestação de serviços à população', diz trecho da resposta.



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