Garras e Gaeco oferecem recompensa para quem denunciar pistoleiros

Dupla é apontada como executora dos crimes de grupo de extermínio

| JORNAL DA NOVA


Policiais do Grupo Armado de Repressão a Assaltos e Sequestros (Garras) e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) estão oferecendo recompensa para quem tiver informações que levem ao paradeiro dos dois pistoleiros que executavam os crimes de grupo de extermínio, sendo eles o guarda municipal José Moreira Freires e o auxiliar Juanil Miranda Lima, foragidos desde abril. Operação deflagrada na sexta-feira (27) prendeu 19 suspeitos de integrarem o grupo de extermínio que teria atuado em pelo menos quatro assassinatos, entre eles, os empresários Jamil Name e Jamil Name Filho, apontados como os chefões da quadrilha. 

 

Conforme o Garras e Gaeco, quem tiver informações concretas deve fazer a denúncia pelo disk denúncia, pelos telefones (67) 3357-9500 ou (67) 95462-9173. O anonimato é garantido e, caso a informação leve ao paradeiro dos pistoleiros, o denunciante receberá a recompensa em dinheiro. “Correio do Estado” apurou que o valor da recompensa parte de R$ 2 mil, mas o valor pode aumentar. 

 

Guarda municipal José Moreira Freires já foi condenado, em 2018, a 18 anos de prisão por matar o delegado Paulo Magalhães, em crime ocorrido em junho de 2013. Ele recebeu o benefício de recorrer em liberdade, com uso da tornozeleira.

 

O equipamento de monitoramento não impediu que Freire participasse da execução do estudante de Direito Matheus Xavier, em abril deste ano, junto com o outro pistoleiro, Juanil Miranda Lima, segundo o Gaeco.

 

No assassinato, o verdadeiro alvo era o pai do estudante, o policial militar Paulo Roberto Xavier. Conforme apurado pelo Correio do Estado, o pagamento pelo crime seria de R$ 120 mil.

 

Os dados da tornozeleira eletrônica foram analisados por investigadores e comprovaram o envolvimento dos pistoleiros na execução, além de dados de intercepção telefônica e depoimentos de pessoas próximas aos integrantes do grupo de extermínio.

 

Dupla está foragida desde abril, após um contratado pela quadrilha para hackear e rastrear o verdadeiro alvo prestar depoimento à Polícia Civil no inquérito que investiga o assassinato do estudante.

 

Pistoleiros também estão envolvidos na execução do policial militar e ex-chefe de segurança da Assembleia Legislativa Ilson Martins de Figueiredo, em 11 de junho de 2018, em Campo Grande.

 

Outro assassinato, o de Orlando da Silva Fernandes, o Bomba, ex-segurança de Jorge Rafaat, ocorrido em 28 de outubro do ano passado, também é investigado pela força-tarefa formada por Garras e Gaeco. Em outros depoimentos, uma outra execução, a de Marcel Costa Hernandes Colombo, o Playboy, também é creditada por testemunhas a este grupo de extermínio. 

 

Organização criminosa
Na investigação, os promotores do Gaeco e policiais do Garras elaboraram um mapa do grupo de extermínio, dividindo-o em vários núcleos. Os chefões, conforme consta nos autos, são Jamil Name e Jamil Name Filho.

 

Os gerentes da organização seriam os policiais civis Márcio Cavalcante da Silva e Vladenilson Daniel Olmedo, o guarda municipal Marcelo Rios (o primeiro a ser preso, em 19 de maio deste ano) e o funcionário de Name, Luís Fernando da Fonseca. 

 

Márcio Cavalcante da Silva, conforme revelam os promotores, foi flagrado durante seu expediente na casa da família Name e não utilizava intermediários para falar diretamente com os chefões. Vladenilson, por sua vez, ganhou ainda mais protagonismo no grupo depois da prisão de Marcelo Rios. 

 

Interceptação telefônica mostra áudios em que ele orientava outros integrantes do grupo (sobre tarefas e escalas) e participava ativamente do dia a dia da família Name. Ele ainda é apontado por trazer armas e munições do Paraguai e responsável por participar de ações voltadas à “pressão/coação/agressão de pessoas que, de alguma maneira, possam atingir a família Name”, indica o despacho do juiz da 7ª Vara Criminal.

 

Há ainda o grupo de apoio. Muitos deles fazem trabalhos lícitos, como o de motorista, mas também teriam desempenhado ações ilícitas, como limpar o apartamento de Jamil Name Filho assim que o ex-guarda municipal Marcelo Rios foi preso ou coagir a esposa de Rios, Eliane Batalha, durante as investigações. Os executores, já citados no início deste texto, eram Juanil Miranda Lima e José Moreira Freires. 

 

A análise das conversas presentes nos telefones apreendidos durante a operação e a interceptação telefônica foram fundamentais para os policiais do Grupo Armado de Repressão a Assaltos e Sequestros (Garras) e os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) chegarem aos empresários Jamil Name e Jamil Name Filho, apontados como os chefões do grupo de extermínio e milícia armada. Em um dos diálogos entre Name Filho e um interlocutor (cujo nome será preservado), o empresário utilizou a seguinte frase: “Sai a maior matança da história do MS, de picolezeiro a governador (sic!)”. 

 

Jamil Name Filho, conforme o juiz Marcelo Ivo de Oliveira, da 7ª Vara Criminal Especial, destacou, com esta fala, que ele é o “chefe do grupo de extermínio criado para executar e eliminar inimigos e desafetos da família Name, seja por motivos de ordem profissional (negócios) ou mesmo pessoal, bem como ressalta que matarão da pessoa mais simples a mais importante dentro deste Estado da Federação”.



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