Relatório “Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil”, elaborado pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário), mostra que Mato Grosso do Sul lidera as taxas nacionais de mortes entre índios. Somente em 2018, foram 36 homicídios e 44 suicídios no Estado, mas a situação pode ser ainda pior, já que esses são dados preliminares, sistematizados até o dia 30 de setembro daquele ano.

 

Esses números são da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) e foram fornecidos através da Lei de Acesso à Informação (12.527/2011). Também foram consultadas secretarias estaduais de saúde dos estados.

 

Segundo o Cimi, “chamam atenção os elevados números de óbitos ocorridos nos estados de Roraima (62) e Mato Grosso do Sul (38)”. O Conselho informa ainda ter registrado a partir de informações das equipes que atuam nos regionais e em veículos de comunicação 50 vítimas de assassinato no país em 2018, 13 em território sul-mato-grossense.

 

Entre homicídios culposos, sem intenção de matar, foram mencionados três em Mato Grosso do Sul, dois deles por atropelamentos na região de Dourados, na MS-156, rodovia estadual que corta a Reserva Indígena, e na Perimetral Norte.

 

“Os indígenas trafegavam em bicicletas, em motocicletas ou a pé. Na grande maioria dos casos, os motoristas fugiram sem prestar socorro”, aponta o relatório.

 

Quanto aos casos de suicídios, o Cimi também aponta “a influência da subnotificação dos dados” e os considera “sujeitos a alterações por processo de alimentação e qualificação”.

 

“Os dados da Sesai apontam para um número muito expressivo no estado do Amazonas, sendo 18 ocorrências no Alto Rio Solimões e 13 no Médio Rio Solimões e Afluentes. No estado do Mato Grosso do Sul, a Sesai registra uma situação ainda pior, com 44 ocorrências, com mortes por suicídios com idades entre 05-14 (7), 15-24 (17), 25-34 (15), 35-44 (2) e 55-64 (3)”, detalha.

 

Foram relatados ainda casos de abuso sexual, em que “70% dos crimes de estupro contra crianças entre 4 e 14 anos são praticados por pais, padrastos e pessoas próximas”. “A maioria é motivada pelo alto consumo de bebidas alcoólicas e é grave a conivência das mães. Dos casos de estupro registrados, sete foram cometidos contra crianças; cinco contra mulheres e jovens; e um caso de abuso foi relatado por um homem”, pontua o Cimi.



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