Em regime de escravidão, índios tinham de beber água em tanque de limpar fossa

Ministério Público do Trabalho de MS colheu depoimentos de grupo e abriu investigação

| CAMPO GRANDE NEWS / ANAHI ZURUTUZA


Barracos onde trabalhadores dormiam (Foto: MPT-MS/Divulgação)

Contratados para construir a cerca de uma fazenda em Corguinho – a 225 km de Campo Grande –, seis indígenas da Aldeia Lalima, em Miranda, foram tirados do local por estarem vivendo em condições análogas à escravidão. O grupo dormiu em barracos de lona por cinco meses – de março a julho – e bebia água de tanque usado para limpar a fossa da fazenda.

As informações foram levantadas pelo MPT-MS (Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso do Sul). Conforme os depoimentos dos trabalhadores, os barracos não tinham energia e as lanternas usadas à noite tinham de ser carregadas na sede da propriedade, a 7 km do local onde estavam alojados.

A água para banho e consumo, segundo os indígenas, era tirada do tanque e levada até o local. Além das frequentes diarreias, eles reclamaram ainda que várias vezes encontraram cobras e lacraias escondidas nas tarimbas (espécie de cama) instalada para que dormissem nos barracos.

O líder do grupo relevou à procuradora Simone Beatriz Assis de Rezende que o contrato “de boca' foi feito pelo capataz da fazenda. Ele prometeu R$ 10,00 por poste de cerca fincado, mas o pagamento estava atrasado.

Ele contou que teve de custear o transporte da equipe até a fazenda, as despesas do alojamento e ferramentas para a construção de cerca. O trabalhador narrou ainda que comprou da propriedade duas vacas para carnear e alimentar os colegas, além de medicamentos para os doentes. No total, acabou desembolsando R$ 7 mil, segundo o depoimento.

O MPT abriu investigação e conforme divulgou, por meio da assessoria de imprensa, as penalidades vão desde multas a pena de reclusão de até oito anos para o empregador.



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