Policial penal feito refém por mais de 10 horas divulga carta de agradecimento
Agente comenta sobre as dificuldades no dia a dia da profissão e lembra da importância da união entre as forças de segurança
| CAMPO GRANDE NEWS
Feito refém por mais de 10 horas em motim no presídio de Ponta Porã, policial penal publicou carta de agradecimento às equipes que negociaram com os presos entre a noite do dia 1° e madrugada do dia 2. No texto, o agente comenta sobre as dificuldades no dia a dia da profissão e lembra da importância da união entre as forças de segurança pública.
O tumulto começou por volta das 16 horas de sexta-feira quando três detentos renderam e puxaram o agente para dentro de uma das celas disciplinares. Outros quatro internos que também dividiam a cela estavam envolvidos.
O servidor foi liberado sem ferimentos físicos após cerca de 10 horas e meia e recebeu atendimento pelo Corpo de Bombeiros. Processo administrativo e criminal será aberto e os envolvidos responderão pelo crime.
Confira a carta do servidor na íntegra:
Chega aquele momento na vida em que aprendemos a dar valor no que realmente importa, e nesse momento a palavra de toma conta de mim é GRATIDÃO, nós não temos tempo para perder com lamúrias.Ao passo que os eventos iam ocorrendo e que o desespero tomava conta de mim, começavam a chegar os colegas que tentavam de alguma forma findar a situação, aquilo me acalmava, após a chegada do COPE, e percebendo toda a movimentação eu agradecia a Deus por estarem lá, o pessoal do CHOQUE que chegou logo depois foi me dando a certeza de que tudo daria certo.
Também tenho imensa gratidão pelo BOPE e seus negociadores que a cada momento mostrava uma real preocupação em resolver a situação com perícia e um profissionalismo que jamais havia visto.Estar em uma situação, como a que ocorreu no dia 01 de janeiro, me fez avaliar a importância de cada um desses profissionais, o empenho que fora colocado em cada momento e a sincronicidade em que cada um trabalhou.
Na verdade, nem nós mesmos que estamos dentro da segurança pública, em um dos trabalhos mais perigosos que existem, conseguimos vislumbrar a dimensão de um trabalho como o que foi realizado naquele dia, na verdade apesar de que estamos o tempo todo preparados para que algo assim ocorra, nunca chegará nem perto da realidade, mas para os companheiros que trabalharam naquele dia, o treinamento, o estudo e o psicológico estavam sob controle, que equipe meu Deus, desde os Policiais de Segurança, os Policiais das operações especiais e os demais que ali estavam.
Nunca serei capaz de recompensar o que essas pessoas fizeram por mim e pela minha família, eu gostaria de poder agradecer a cada um pessoalmente, mas creio que isso não será possível, então, ofereço a todos os profissionais que estavam presentes, aqueles que estavam fora, mas na expectativa, os meus amigos que lá estavam e outros que chegaram depois, aos Policiais Penais, Policiais Militares, Policiais Civis, Departamento de Operações de Fronteira, as forças especiais, COPE, CHOQUE e BOPE, Corpo de Bombeiros Militar, além da OAB e Jornalistas e especialmente ao presidente do Sindicado da Polícia Penal que estavam presentes, eu lhes ofereço a minha vida, que por vocês foi garantida e resguardada.
A lição que fica é como é importante o trabalho em conjunto das forças de segurança, a necessidade de valorização imediata daqueles que saem de suas casas em um feriado para arriscar sua vida e o futuro de suas famílias em prol da sociedade, a valorização da vida e das pequenas coisas, e principalmente a GRATIDÃO por mais um dia de vida e o sentimento de que não ficaram pontas soltas. Foi feito exatamente o que precisava ser feito sem nenhum “E SE?'A todos, MINHA ETERNA GRATIDÃO.